Orgulho do Amazonas, Sandro Viana começou no Jea´s

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Antes de se profissionalizar no atletismo e orgulhar o Amazonas e todo o Brasil com duas medalhas de ouro em jogos Pan-Americanos (Rio de Janeiro no ano 2007 e Guadalajara, em 2011), o amazonense Sandro Viana, 36, experimentou outras modalidades de esporte, na época em que estudou na escola estadual Petrônio Portela e participava dos Jogos Escolares do Amazonas (Jeas).

Aproveitando uma das pausas em seus treinamentos nos Estados Unidos, Sandro desembarcou em Manaus, esta semana, para acompanhar a 36ª edição dos Jeas. Em entrevista para a equipe da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), o atleta falou da importância dos jogos para a formação dele. E do quanto o contato com o esporte proporcionado por iniciativas como esta podem contribuir para o desenvolvimento e descoberta de talentos para o Amazonas.

"Estudava na escola Petrônio Portela na época, e fui instruído por meus professores de educação física a experimentar o esporte"

“Estudava na escola Petrônio Portela na época, e fui instruído por meus professores de educação física a experimentar o esporte”

Antes de conquistar as duas medalhas de ouro em jogos Pan-Americanos, o velocista amazonense havia conquistado o bronze nos jogos Universitários, na Turquia. O atleta tem no currículo também duas participações em Olimpíadas (Pequim, 2008 e Londres, 2012). A seguir, trechos da entrevista com Sandro, realizada na Vila Olímpica de Manaus, onde ele acompanhou provas de atletismo, posou para fotos e conversou com os jovens atletas, no primeiro dia de competições do Jeas.

Qual a importância dos jogos escolares no desenvolvimento desses adolescentes, muitos com o sonho de um dia ser profissional?

O esporte é uma realidade na vida do brasileiro. Então, nada mais justo do que usar o esporte como uma ferramenta de crescimento, de desenvolvimento, principalmente nessa fase, da adolescência para a fase adulta. Eu passei por essa fase, também participei do Jeas. Estudava na escola Petrônio Portela na época, e fui instruído por meus professores de educação física a experimentar o esporte. Hoje sou um atleta olímpico. No filme que a gente faz na cabeça e volta ao passado, a gente vê quais os degraus que passou e esse é um degrau fundamental. As competições escolares permitem que o garoto perceba que existem vários caminhos, e que podem servir para agregar valores na sua vida. No momento em que o País vai sediar as Olimpíadas (em 2016, no Rio de Janeiro), esse incentivo ao esporte é muito importante. Estou aqui para dar meu testemunho, demonstrar que existe um caminho. É interessante que eu como amazonense esteja aqui e mostre para eles que esse caminho que eles iniciam aqui pode levá-los a uma Olimpíada. Esse é um degrau de uma escada mágica.

"Mesmo tendo chegado tarde ao esporte, dentro de mim o sonho olímpico nunca morreu"

“Mesmo tendo chegado tarde ao esporte, dentro de mim o sonho olímpico nunca morreu”

Para os padrões atuais, você se profissionalizou tarde, mas a participação nos jogos escolares, ainda na adolescência, foi importante na formação do atleta que você se tornou?

Com certeza. O importante é dizer que eu não tento ser o perfeito. Ninguém precisa fazer isso. O que você precisa é entender qual o seu talento, o seu sonho e transformá-lo em realidade. Mesmo tendo chegado tarde ao esporte, dentro de mim o sonho olímpico nunca morreu. No momento em que eu tive oportunidade, aproveitei. Me permiti experimentar e tentar. Muitas vezes vejo atletas jovens com medo de tentar, porque não sabem se podem conseguir ou se vão ter uma chance. Dentro do esporte, o que você precisa é tentar. Uma vez experimentando, você vai descobrindo se você é bom num esporte ou em outro. Para que isso aconteça, você precisa experimentar. Ao entrar em campo, nas pistas, nas piscinas, nas quadras, nos tatames, você vai ter oportunidade de saber qual o seu potencial. Por isso estou aqui assistindo as provas. Porque de repente um talento vai se manifestar. Estão de parabéns as 35 cidades e os atletas que se inscreveram e estão aqui para disputar. Desejo boa sorte a todos. E quero dizer que o Amazonas também faz parte desse sonho olímpico e fazendo por onde, quem sabe, ser lembrado nos Jogos Olímpicos de 2016.

Em que medida a escola e os professores de educação física são importantes nesse processo de descoberta na vida esportiva dos alunos?

O jovem chega cru, leigo do que ele é capaz de fazer. Uma vez você incentivando o atleta, criando oportunidades, competições, calendários esportivos, naturalmente os atletas vão se manifestar. Um profissional de educação física está apto para perceber esses talentos, as virtudes e qualidades de cada atleta. Então, dentro da escola, esse momento é mágico e acontece quase que todo dia. Acontece numa recreação no início da aula, no final da aula, nas quadras, nos pátios. Eu me lembro de quando estudava no Petrônio Portela que tinha evento esportivo quase todos os dias. A gente estava totalmente envolvido. E quando a gente canaliza essa energia, os alunos começam competir, e cada um começa descobrir sua qualidade.  Uns vão ser jogador de vôlei, um vai ser jogador de basquete, outro quer jogar futebol. Cabe ao professor de educação física perceber isso e criar meios de permitir o crescimento do atleta.

"Tive um professor que chegou a perguntar se eu queria faze atletismo e eu cheguei dizer que não. Porque eu não conhecia"

“Tive um professor que chegou a perguntar se eu queria faze atletismo e eu cheguei dizer que não. Porque eu não conhecia”

Na época de estudante na escola Petrônio Portela, você já tinha escolhido o atletismo como esporte?

Não. Nem passava pela minha cabeça. A escola sempre foi tradicional e ficava numa área onde as outras escolas são muito competitivas. Mas quando entrava nas competições, sempre era em futebol de salão, ou basquete, vôlei. Não pensava que seria um corredor. É como eu disse, você não sabe, nessa fase, que você tem esse talento. Tive um professor que chegou a perguntar se eu queria faze atletismo e eu cheguei dizer que não. Porque eu não conhecia. Depois de dois dias de explicações, comecei olhar para a modalidade de maneira diferente, por causa da visão do profissional. Mas fui convidado a experimentar uma coisa e a partir daí aconteceram coisas que eu não esperava. A mesma coisa são os garotos agora. Muitos estão aqui praticando o esporte de maneira lúdica, outros levando mais a sério. Mas o mais importante é essa massificação que está acontecendo. Ela é correta. Não é a elitização que vai nos ajudar, é a massificação.

Como você avalia a política do governo brasileiro para revelar talentos dentro do atletismo?

Acho que falta coordenação e um pouco de feeling. Mas em nível de incentivo, há um interesse, há um empenho em fazer uma grande campanha nos Jogos Olímpicos de 2016. Falta pouco tempo para os jogos. Por isso acho que o que deve ser feito é reunir tudo que se tem em talento e aproveitar o máximo possível. É o que vejo de mais coerente para se fazer devido ao curto prazo. Mas, repito, o importante é que o Amazonas faça seu papel e os outros estados façam os seus. Eu vou fazer com que o Amazonas possa ser lembrado nessa campanha. Esse é meu objetivo até 2016.

Eu vou fazer com que o Amazonas possa ser lembrado nessa campanha. Esse é meu objetivo até 2016

Eu vou fazer com que o Amazonas possa ser lembrado nessa campanha. Esse é meu objetivo até 2016

Você vai acompanhar os jogos e fica por quanto tempo em Manaus?

Sim. Eu fico por mais um mês em Manaus. Tenho muitas coisas para resolver e colocar em prática. E depois que estiver tudo certo aqui, volto para resolver questões já pensando no próximo ano e continuar trabalhando.