Alimentação natural: professores criam horta para alunos de escola indígena

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Projeto tem como objetivo apresentar os benefícios e reaproximar os estudantes de uma alimentação mais saudável

 

Apresentar os benefícios e reaproximar os alunos de uma alimentação mais saudável foram alguns dos pontos que motivaram os professores Maicon Douglas e Jonasson de Oliveira Gomes, tio e sobrinho, respectivamente, a criarem o projeto ‘Horta escolar’ na Escola Estadual Raimundo Soares, localizada às margens do Rio Madeira, na comunidade Boca do Jauari.

Desde 2017, a escola – que atende a 70 alunos da etnia Mura – deu início ao plantio de mudas de pelo menos 20 tipos de alimentos orgânicos. A produção é destinada tanto para merenda escolar quanto para a comunidade.

“Nosso objetivo é não somente melhorar a alimentação desses jovens, como, também, levar um pouco de conhecimento para eles, principalmente com relação aos benefícios que esses alimentos podem trazer para o organismo”, afirmou Maicon.

O projeto começou em 2010, quando os educadores graduaram na Escola Agrícola Rainha dos Apóstolos, no km 23 da BR-174, em Manaus. Na época, tio e sobrinho se depararam com agricultura, sustentabilidade, produção vegetal e outras técnicas que serviriam, sete anos depois, como suporte para o ‘Horta escolar’.

“Acompanhamos a realidade de nossas crianças e sabemos que, cada vez mais, elas estão se distanciando da alimentação natural. Queremos aproximá-las desses alimentos que, de fato, fazem bem e estão próximos da nossa realidade aqui”, acrescentou o professor.

Dentre os alimentos cultivados pela atividade, estão: tomate, pepino, abóbora, pimenta, batata-doce, maxixe, coentro, couve e chicória. Para fertilizar o solo, Maicon e Jonasson se utilizam de adubos naturais, como fezes de animais e paú (originado da palmeira).

“Moramos numa área de várzea, ou seja, o solo é muito fértil. Temos uma facilidade muito grande de produzir esses alimentos naturais”, lembrou o educador.

 

Reciclagem – Outro pilar do projeto é a reutilização de materiais descartados, como garrafa pet e bambu, por exemplo, para a criação de vasos e suportes. “Muitas vezes, os alunos trazem [as garrafas] de casa e nós damos um jeito de aproveitá-las”, pontuou Maicon.

Ele conta, ainda, que a ‘Horta escolar’ despertou um sentimento de curiosidade nos estudantes. “A receptividade por parte deles foi maravilhosa, eles abraçaram mesmo. Querendo ou não, é uma coisa nova e que faz com que eles interajam e perguntem bastante”.

Além disso, o projeto foi responsável por uma maior aproximação entre os pais e a comunidade escolar. “A partir do momento que o aluno chega em casa com um alimento e o mostra para a sua família, os pais querem vir à escola para conhecer a horta. Desta forma, eles passaram a participar mais da vida acadêmica dos filhos”, finalizou o professor.

 

Desafios – Todo ano, Maicon, Jonasson e os estudantes esbarram no mesmo desafio: a cheia no Amazonas. Por conta dela, eles nunca conseguem dar continuidade ao trabalho desenvolvido na ‘Horta escolar’. “Toda vez temos que começar tudo de novo, sempre procurando inovar de algum modo. Porém, por outro lado, esse reinício tem até um aspecto positivo, pois faz com que os alunos se entreguem ao projeto ano após ano”, finalizou Maicon.