Desenvolvido pela Seduc, projeto voltado para formação de magistério indígena beneficia diretamente 45 mil alunos

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Com o objetivo de assegurar condições de acesso escolar à população indígena e prover o ensino básico conforme legislação federal, o Governo do Estado por meio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) tem desenvolvido e intensificado as ações do projeto Pirayawara, cujo foco é a formação e capacitação de professores indígenas.

O projeto é executado pela Gerência de Educação Escolar Indígena da Seduc e faz parte de uma série de ações que são desenvolvidas há mais de 15 anos. Sua meta principal é garantir aos povos indígenas uma educação diferenciada, específica, intercultural, bilíngüe, de qualidade e que responda aos anseios desses povos.

Conforme a gerente da Educação Escolar Indígena da Seduc, Alva Rosa Vieira, o projeto está estruturado em nove linhas de ação. “Trabalhando a formação inicial de professores indígenas para o magistério, formação continuada de professores indígenas, formação continuada de técnicos das Secretarias Municipais, formação continuada de técnicos para atuarem nas sedes das Secretarias, diagnóstico linguístico e antropológico da realidade indígena no Estado do Amazonas, além do desenvolvimento e fomento das línguas indígenas no Estado”, informou.

Projeto forma indígenas para o exercício da docência.

Projeto forma indígenas para o exercício da docência.

O Pirayawara, conforme Alva Rosa, também atua na produção, editoração, publicação e distribuição de material didático específico e diferenciado, distribuição de material escolar e didático pedagógico, assessoria técnico-pedagógica e administrativa às secretarias municipais, além de apoiar e divulgar a cultura indígena no Amazonas.

Idealizado pelos povos indígenas – Segundo a gerente o programa tem importância estratégica dentro do sistema educacional do Amazonas. “É importante porque, sobretudo, foi idealizado pelos próprios indígenas, atendendo às suas necessidades. Não foi algo imposto. Pelo contrário, esses povos foram ouvidos, a fim de que pudéssemos desenvolver uma ação em que seus anseios fossem realmente atendidos. É um projeto completo de educação escolar indígena, que propicia muitos benefícios, entre eles a formação de professores para o magistério”, afirma a gerente.

Alva Rosa, gerente de Educação Escolar Indígena ressaltou que o Pirayawara foi projetado e é desenvolvido com a contribuição dos povos.

Alva Rosa, gerente de Educação Escolar Indígena ressaltou que o Pirayawara foi projetado e é desenvolvido com a contribuição dos povos.

Habilitando para o magistério – A formação inicial de professores para o magistério tem a proposta de habilitar professores para ministrarem aulas do 1º ao 5º ano (séries iniciais) e ensino médio nas escolas indígenas em suas comunidades.

Hoje, aproximadamente 45.042 alunos indígenas da educação básica são beneficiados diretamente pelo programa.

Frutos – Pertencente à etnia Miranha e recém-formado pelo Projeto Pirayawara, está Jedeão Ramos de Lima, 28, que apesar das dificuldades, conseguiu concluir sua formação e se mostra bastante satisfeito pelo aprendizado que o projeto lhe proporcionou. “O projeto é muito gratificante. Quando iniciei a formação, após ter sido indicado pela minha aldeia para participar do curso, por ser um destaque na minha comunidade, me senti muito feliz, mas também fiquei preocupado, porque mesmo sendo indígena, obtive minha formação pela educação não-indígena, então não conhecia muito a respeito da educação indígena propriamente dita. O projeto mudou isso. Saí de lá com uma visão diferenciada.”, comenta.

Ainda segundo Jedeão, o projeto tem a proposta de conciliar a educação indígena e não-indígena, apresentando as diferentes culturas presentes no Amazonas e buscando uma forma de contornar o preconceito, que ainda é muito evidente, inclusive entre as próprias etnias. “O projeto, além de nos possibilitar uma formação teórica e principalmente prática de novas metodologias, de pesquisa, nos dá a oportunidade de entender que não existem culturas superiores nem inferiores, e sim, culturas diferenciadas. Agora formado, pretendo levar conhecimento para a minha comunidade, mostrar que a educação indígena tem o seu valor, e conscientizar os nossos alunos a compreender a importância de defender a própria cultura”, conclui o professor recém-formado.