Professora da rede estadual recebe prêmio de melhor dissertação de mestrado oferecido pela Associação Brasileira de Antropologia

Premiação (1)

A professora Elieyd Sousa, 26, que leciona a disciplina de Sociologia na escola estadual Professor Francisco das Chagas de Souza Albuquerque, localizada no centro de Manaus, venceu o ‘Prêmio ABA’, concedido pela Associação Brasileira de Antropologia e Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável – Deutsche Gesellschaft fur Internationale Zusammenarbeit (GIZ).

Elieyd Sousa recebeu o destaque nacional pela melhor dissertação de mestrado e como prêmio receberá apoio completo dos custos para a publicação de sua dissertação, intitulada “Os ‘Piaçabeiros’ no médio Rio Negro: identidade étnica e conflitos territoriais”, apresentada com fins de titulação acadêmica na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), sob orientação do professor doutor Alfredo Wagner Berno de Almeida.

A cerimônia de premiação aconteceu no último final de semana em Fortaleza-CE no auditório do Centro Cultural Dragão do Mar e teve como conferencista a presidente da ABA, professora e doutora Carmen Rial.

Com 26 anos de idade, Elieyd já tem um currículo vasto e rico. A professora é bacharel em Sociologia, mestra em Antropologia Social, ambas pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), além de ser pesquisadora do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (UEA/Ufam) e integrante do grupo de pesquisa Territorialização, Identidade e Movimentos Sociais (CNPq).

Premiação (2)

Sua dissertação de mestrado foi resultado de quatro anos de pesquisa entre os agentes sociais que se autodefinem “piaçabeiros” no município de Barcelos, localizado na região do médio rio Negro (distante 405 km de Manaus).

Segundo Elieyd, o que a motivou tratar deste assunto foi a vontade de evidenciar as lutas e o modo de vida dos povos indígenas e dos trabalhadores extrativistas da piaçaba. “Escolhi o tema porque queria destacar as lutas e o modo de vida dos povos indígenas e dos trabalhadores extrativistas da piaçaba, assim como fazer uma reflexão sobre o sistema econômico vigente em Barcelos” explica.

Conforme a educadora, a maior dificuldade enfrentada durante todo o processo de pesquisa foi a distância e o trabalho de campo, pois os piaçabais em Barcelos são afastados da cidade, além da permanência na floresta para a realização de entrevistas, registros fotográficos e audiovisuais com os trabalhadores extrativistas.

“A maior dificuldade foram os percursos de campo. Era necessário viajar por dois dias de barco até o local da pesquisa, sem contar a insalubridade, pois lá os índices de doenças de chagas são altos. O barbeiro (transmissor da doença) é considerado uma praga, assim como as cobras venenosas, lacraias e escorpiões” conta a pesquisadora.

Atualmente Elieyd está se preparando e escrevendo o projeto de pesquisa para a seleção de doutorado em Antropologia Social. Com relação ao ofício de professora no ensino básico, ela diz que busca motivar os seus alunos ao estudo e dedicação intensiva. “Digo aos meus alunos que primeiramente eles têm que escolher algo com que tenham afinidade e que não deixem de estudar. Sei que os estudantes de escola pública enfrentam uma realidade de desigualdade, pois muitos têm que trabalhar para ajudar suas famílias, porém não devem nunca desanimar”, incentiva ela.

Evento

O anúncio dos vencedores do prêmio ‘ABA’ foi realizado no último final de semana em Fortaleza-CE, durante a IV Reunião Equatorial de Antropologia (REA) e o XIII Encontro dos Antropólogos do Norte e Nordeste (ABANNE).

Na abertura do evento a presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), doutora Carmem Rial anunciou a vencedora do 3º Prêmio ABA/GIZ 2012/2013 Povos Indígenas e Cenários Etnográficos na Amazônia, que tinha como tema “Povos Indígenas na Amazônia Brasileira: Sistemas de Produção e de Mercados na Gestão da Biodiversidade.

O prêmio recebido pela professora amazonense Elieyd Sousa foi entregue pelo coordenador da Comissão de Assuntos Indígenas da ABA, professor doutor João Pacheco de Oliveira.

O Prêmio

O Prêmio consiste no apoio completo dos custos da publicação da dissertação de mestrado na Coleção “Povos Indígenas Cenários Etnográficos na Amazônia” organizado pela Associação Brasileira de Antropologia e Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ).

Considerando os cenários de formulação de políticas de gestão territorial, ambiental e de recursos da biodiversidade, orientadas ao desenvolvimento sustentável e etnodesenvolvimento, o prêmio considera a importância de se conhecer os processos e as relações de reprodução e mudanças do decorrer das recentes décadas, assim como as leituras e análises produzidas sobre as diversas relações presentes entre Estado e povos indígenas, seus eventos e fenômenos de transformação.

O prêmio ABA/GIZ incentiva a compreensão de cenários de processos de mudança no complexo universo dos povos indígenas e seus territórios, desde as suas relações com a sociedade envolvente.