Professores e técnicos da rede estadual de educação discutem a importância da avaliação no processo de ensino

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Coordenadores distritais, supervisores do interior e técnicos da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) participam, até quarta-feira (24), de uma formação específica para interpretar e analisar os resultados do Sistema de Avaliação do Desempenho Educacional do Amazonas (Sadeam). O evento é realizado no Hotel Tal Mahal, na Avenida Getúlio Vargas, no Centro de Manaus.

O Sadeam foi criado pelo Governo do Estado com o objetivo de subsidiar a Seduc com informações mais rápidas e ampliadas sobre o nível de aprendizagem dos estudantes da rede pública de ensino em Língua Portuguesa e Matemática. A avaliação vem sendo co-elaborada pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação de Educação (CAEd) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Para a gerente de Avaliação e Desempenho da Seduc, Jane Bete Nunes Rodrigues, o resultado da avaliação pode ser melhor trabalhado pelas escolas, distritos e pela própria Secretaria, à medida que o nível de conhecimento de como as provas são desenvolvidas aumentar. “É importante sabermos quais fatores podem impactar nos resultados da prova para poder definir ações. De repente, um dos fatores que contribuíram para o bom ou mau desempenho do estudante foi a gestão escolar, o uso da biblioteca ou a didática do professor”, explica Jane Bete.

O curso de formação iniciou nesta segunda-feira com a palestra do sociólogo da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF), Tiago Silva de Paula. Durante o primeiro dia de encontro, os participantes puderam conhecer cada item que compõe uma avaliação em larga escala e a maneira com que as provas e as questões são elaboradas.

O coordenador da formação, Álvaro Dyogo Pereira, da UFJF, explica que além de capacitar os profissionais para a leitura e tomada de ações em cima dos resultados das avaliações de larga escala, a iniciativa serve para diminuir o nível de desconhecimento e até de resistência que se possa ter sobre esse tipo de avaliação educacional. “O primeiro objetivo é fornecer mais instrumentos e conhecimento acerca dos temas que envolvem a avaliação em larga escala, que é uma temática nova e que muitas vezes ainda gera algum tipo de resistência. É uma tentativa de aproximar as pessoas que recebem essas avaliações do que efetivamente representam essas avaliações”, afirma Álvaro Dyogo.

Álvaro diz que a formação realizada esta semana aos servidores da Seduc é nova, porque trata também de fatores sociológicos envolvidos nas avaliações em larga escala. “É uma formação menos pedagógica e mais sociológica. Vai mais do que o processo implica. Vamos falar sobre os tipos de fatores intra e extra-escolares que interferem no desempenho escolar e como a gente pode trabalhá-los”, diz Álvaro.

Avaliar para planejar

A assessora da Coordenadoria Distrital 6 da Seduc, Lurdes Machados afirma que saber interpretar e ter o domínio dos resultados de provas como a do Sadeam é fundamental para que as escolas possam planejar ações pedagógicas que melhorem o desempenho dos estudantes. “Através da avaliação, nós podemos identificar o que os alunos sabem. Se eu identifico a base de conhecimento que eles têm, a gente pode avançar em determinados conhecimentos. Quando a gente faz uma avaliação que ela é negativa, eu passo a rever os métodos que estou aplicando e não está funcionando”, defende Lurdes Machado.

Ex-gestor de escola e agora membro do grupo de gestores do Programa de Intervenção Pedagógica do Amazonas (PIPA), Orlando Moura destaca a formação como uma importante ferramenta para que as escolas ampliem seus conhecimentos a respeito do principal objetivo das avaliações externas, que é melhorar o processo ensino-aprendizagem.

“Em momentos como esse, a Seduc permite fortalecer dentro das escolas esse conhecimento de entender a avaliação externa não apenas como indicador que vai dizer qual escola vai ganhar os prêmios por méritos alcançados. Mas compreender que essa avaliação vai fazer um ‘raio-x’ da escola, de como está o processo ensino-aprendizagem. Para que, a partir de momentos como esse, a escola consiga perceber no que ela pode melhorar, quais são seus pontos fracos”, comenta Orlando Moura.

Sadeam

De acordo com a gerente de Avaliação e Desempenho da Seduc, sem o Sadeam, a Secretaria ficava limitada à avaliação da Prova Brasil, do Governo Federal, com prazos nem sempre rápidos para divulgar os resultados, o que retardava as ações para trabalhar as deficiências das escolas que se saíram mal nas provas. “A Prova Brasil avalia os estudantes de dois em dois anos, mas leva, pelo menos, um ano para nos dar o resultado do desempenho destes estudantes”, comenta Jane Bete, citando que anteriormente ao Sadeam, a Seduc tinha que esperar muito tempo para conhecer as deficiências de aprendizagem dos alunos e planejar as ações para corrigi-las.

Com a criação do Sadeam, todos os anos, a Seduc tem uma ferramenta que permite elaborar um diagnóstico mais preciso da educação estadual. “Umas das propostas era essa, ter acesso mais rápido aos resultados, para que a secretaria pudesse agir de imediato”, ressalta Jane Bete.

De posse do diagnóstico extraído pelo resultado do Sadeam, a Seduc intervém nas áreas onde precisa avançar e planeja sistematicamente suas ações na busca pela qualidade do ensino. “Os relatórios pedagógicos do Sadeam são mais detalhados, com informações de cada turma e aluno. Possibilitando uma intervenção imediata e focada. A Prova Brasil não nos traz isso”, explica Jane Bete.

As provas do Sadeam são aplicadas anualmente sempre nos meses de novembro e dezembro. Ano passado, 276.617 estudantes participaram da avaliação, em todos os 61 municípios e na capital do Amazonas. Em 2008, no primeiro ano da avaliação, 23.014 alunos fizeram os exames. Desde então, o universo de estudantes que o exame abrange só aumenta. Foram 57.192 em 2009; 77.376 em 2010; e 124.076 em 2011.

Para os alunos do 3º, 5º, 7º e 9º anos do ensino fundamental e EJA são aplicadas avaliações de Leitura (Língua Portuguesa) e Matemática. Já aos estudantes do 1º e 3º anos do Ensino Médio são avaliados em provas nos moldes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com abordagens nas matrizes de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias.