Seduc capacita professores do Projeto Igarité

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No período de 6 a 17 de maio, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) está realizando uma formação técnica com 400 professores da rede pública estadual que trabalham no projeto Igarité. Em 2013, o Projeto que oferece aulas a estudantes de comunidades rurais por meio da plataforma tecnológica do Centro de Mídias da Seduc, atenderá a 9.753 alunos de 44 municípios da região.

Iniciado em 2009, o Projeto Igarité já formou 2,7 mil estudantes, entre ensino fundamental e ensino médio (modalidade Educação de Jovens e Adultos-EJA). A formação dos professores iniciada na última segunda-feira servirá para atualizar as metodologias de ensino que serão utilizadas no ano corrente. O treinamento é realizado no Amazon Golf Resort, no município de Rio Preto da Eva (a 57 quilômetros de Manaus) e é co-organizado pela Fundação Roberto Marinho.

Conforme os coordenadores da atividade, os professores que trabalharão com ensino fundamental regular (presencial com Mediação Tecnológica) receberão até o próximo dia 10 treinamento específico voltado para as disciplinas Língua Portuguesa, História, Matemática e Ciências. Do dia 13 a 17 de maio, será a vez dos professores que ministram aulas para o ensino fundamental na modalidade EJA receberem a atualização.

Karen Lucena, gerente de educação e implementação da Fundação Roberto Marinho, explica que a cada semestre os professores do projeto Igarité passam por uma capacitação, que visa orientar os educadores para o uso de metodologias de ensino mediado por tecnologia. “Na formação, reforçamos a metodologia de telessala – que é usada pelos professores na sala de aula – e também oferecemos oficinas sobre mediação tecnológica”, explica Karen.

Os profissionais que ministram as aulas de capacitação dos professores são consultores da Fundação Roberto Marinho de vários estados do País, entre eles o Amazonas. “Em cada sala de aula temos uma dupla ou trio de consultores que aplica todo esse conhecimento aos professores”, conta Karen.

De acordo com Karen, a transmissão de conhecimento aos professores respeita a experiência de cada educador. “O trabalho se dá num formato de mediação. Mediamos o conhecimento entre o que o consultor traz e o que o professor já traz da sua prática”, afirma Karen. “Em 2009, começamos só com aulas para o 6º ano. Em 2010, fomos para o 6º e 7º. Em 2011, tivemos o 6º, 7º e o 8º, e, em 2012, tivemos o primeiro 9º que se formou”, comentou Karen.

Comunidades indígenas são beneficiadas

Formado no curso Normal Superior, Janderley Oliveira de Matos, da etnia saterê-mawé, é professor de turmas do 9º ano do ensino fundamental, na comunidade indígena Vila Batista, no município de Parintins.

Segundo Janderley, como a comunidade fica a três horas de viagem de barco da sede do município, sem o projeto Igarité ficaria praticamente impossível para os estudantes se deslocarem até a cidade para concluir os estudos no ensino fundamental. “No início, nossa comunidade teve um pouco de resistência ao projeto, até porque não tinha língua materna e houve essa preocupação. Mas conseguimos efetivar uma sala na área indígena, e quando eles viram a riqueza do trabalho do Igarité, foi fantástico. A opiniões de tuxauas, moradores e país de alunos é de que o projeto abriu as portas”, disse Janderley.

Janderley é professor do projeto Igarité, na comunidade Vila Batista, desde 2009. Segundo o educador indígena, moram na localidade, aproximadamente, 200 pessoas. “Hoje em dia, os alunos não pensam em ir para a cidade para continuar os estudos. Eles se sentem preparados para fazer qualquer exame no mesmo nível dos alunos da cidade”, garante o professor.

Enquanto muitos professores que recebem treinamento já são veteranos no projeto Igarité, outros, como a professora Elda Balieiro, de Tefé, vão experimentar pela primeira vez a prática do ensino mediado por tecnologia. “Eu não conhecia essa metodologia de telessala. Vim para o treinamento, e estou encantada. É muita coisa nova, formas diferentes de agir dentro da sala de aula. Acredito que vai ser uma grande experiência”, comenta Elda Balieiro.

Elda é formada em Língua Portuguesa. A professora vai trabalha na comunidade rural Missão, na escola estadual Nossa Senhora das Graças. Segundo a educadora, a localidade, onde mora cerca de 150 pessoas, fica a 45 minutos de viagem de motor rabeta da sede do município.

Para a professora de Tefé, a qualidade do ensino oferecido por meio da mediação tecnológica é a mesma da ofertada pelo ensino convencional. “Todo aprendizado depende muito do empenho do aluno. Se você se empenhar, vai aprender em qualquer lugar. Tanto faz por via internet, televisão ou presencial. O ensino mediado por tecnologia não tem diferença nenhuma do presencial”, afirma a professora Elda.

A consultora da Fundação Roberto Marinho Socorro Capistrano explica que a metodologia utilizada no projeto Igarité trabalha a relação dos conhecimentos científicos com a vivência dos alunos. “A metodologia é a de educar para o desenvolvimento do ser humano. Educar no sentido mais amplo. Não só dar para os alunos instrumentos científicos de matemática, história ou geografia. Mas dar uma formação para a vida”, ensina Socorro.

Socorro é consultora da Fundação Roberto Marinho desde 1993, quando a fundação começou a trabalhar com a metodologia de telessala. “O telecurso, criado pela fundação, trabalha o conteúdo científico contextualizado com a realidade social. Por exemplo, eu sou carpinteiro, tenho que saber matemática. Ou seja, eu aprendo para usar”, explica a consultora.

Formatura

Em dezembro de 2012, a Seduc certificou 1.446 estudantes formados pelo Igarité. Naquele ano, o projeto foi aplicado em Manaus e em mais 17 municípios.

Na cerimônia de formatura, o secretário de Estado de Educação, Rossieli Soares da Silva, renovou o compromisso da Seduc com a formação educacional do povo do Amazonas. E elogiou o esforço dos estudantes. “Os 1.446 estudantes recém certificados são motivo de orgulho e seu empenho e dedicação nos serve como exemplo”, declarou Rossieli.

A coordenadora adjunta do Igarité junto à Seduc, professora Irene da Costa Alves, destaca a qualidade da equipe responsável pelo planejamento e a execução do projeto nesses quatro anos. “É um projeto que é feito com muita seriedade. É de uma qualidade impar. Porque é executado com a assessoria dos melhores especialistas das áreas mais diversas do Brasil. É assessorado, por exemplo, pela educadora Tereza Pena Firme, uma das maiores especialistas em avaliação do País”, ressalta Irene.

De acordo com Irene, um dos pilares do sucesso do Igarité é a atenção dada aos professores. “Nesse projeto, o professor se sente valorizado, porque tem toda uma preparação, um acompanhamento bem de perto, com orientação do caminho a ser seguido. Tem um norte. Com isso, ele se sente mais seguro”, afirmou Irene.

O nome Igarité é referência à canoa de porte pequena de uso comum na região norte do Brasil.

Em números

– 9.753 estudantes de comunidades de 44 municípios do Amazonas, que receberão aulas do projeto Igarité ministradas a partir dos estúdios do Centro de Mídias da Seduc, em Manaus.

– 7.422 alunos, em 327 turmas do 6º ao 9º anos do ensino fundamental, receberão aulas pelo projeto Igarité, em 2013.

– 2.331 alunos, em 103 turmas do ensino fundamental, na modalidade EJA, receberão aulas pelo projeto Igarité, em 2013.

– 44 municípios do interior do Amazonas serão atendidos pelo projeto Igarité esse ano.